Escritora premiadíssima, dentre eles destaco o Prêmio Internacional de Literatura Juan Rulfo, o mais importante da América Latina e do Caribe, concedido pela primeira vez a uma mulher e a um autor de língua portuguesa (1995), Nélida Piñon, nascida em 3 de maio de 1937, ainda foi a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras (ACL), entre 1996-1997.
Seja no romance (11 publicações), na poesia (8 publicações) ou no conto (5 publicações), o que torna peculiar a produção literária nelidiana é a subversão da “sintaxe oficial”, em especial na obra A casa da paixão (1972), que coloca lado a lado a tradição cristã e a tradição cultural no Ocidente, sobretudo no que tange à sexualidade para fins reprodução e de eliminação do desejo.
O erotismo é, pois, um dos temas principais de sua obra e as mulheres (Ana, Mariela, Marta, Monja, Leonora…) são protagonistas, que têm consciência de si e de seu corpo.
Em 1973, vem a público um livro de contos, Sala de armas, em que o leitor pode conhecer mais profundamente o espírito crítico e de luta dessa escritora-insubordinada que se opõe “à canonização dos sentidos, das instituições humanas”. Textos como “Colheita”, “Ave do Paraíso” e “Luz” discutem de forma sensível e contundente a condição feminina em uma sociedade patriarcal.
O papel do artista-escritor é problematizado em A força do destino (1977) e A república dos sonhos (1984), já que para Nélida é ilusão conceber a arte como modo de se atingir a plenitude.
Para Nélida, o homem é mais rico que qualquer metáfora. Reside, aqui, a grandiosidade da leitura dessa escritora.
Sobre a autora:
Luciana Bessa Silva
Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler