Nezite Alencar: uma historiadora cordelista

 Shirley Pinheiro

Historiadora, professora e cangaceira. Essa é Nezite Alencar – cearense e cordelista. Nascida no sítio Olho D’água, distrito de Quixariú, na cidade de Campos Sales, reside atualmente no Crato, onde se formou em História, pela Universidade Regional do Cariri (URCA).

Sua formação acadêmica fica evidente em seus versos, uma vez que a experiência como professora de ensino fundamental foi ponto de partida para a criação de obras como “A Inconfidência Mineira em cordel” (2005) e “Canudos, o movimento e o massacre em cordel” (2005). Segundo ela, costumava transformar textos de história e geografia em cordéis para que suas aulas ficassem mais prazerosas, facilitando a compreensão dos estudantes.

Nezite Alencar define a si mesma como uma “pessoa que saiu da zona rural, mas a zona rural não saiu dela, e aquela professora aposentada que saiu da sala de aula mas a sala de aula não saiu dela”. É uma mulher apegada às suas raízes, que começou escrevendo para seus alunos e hoje escreve para todos aqueles com disposição para ler. Sua maior alegria é ser poetisa mulher como denota os versos abaixo:

“Mulher é matriz da vida,

Tem o dom da sedução,

Mas guarda no coração

Uma bravura escondida,

Uma vontade aguerrida;

Diga ela o que disser,

Faça ela o que fizer,

Sempre chega lá um dia.

MINHA MAIOR ALEGRIA?

SER POETISA E MULHER!”

Desde jovem se jogou na arte de versejar, já em 1987, ainda na adolescência, publicou seu primeiro livro, “Em Forma de Coração”, com poemas que ela mesma selecionou. De lá para cá não parou mais. Sua obra já reúne mais de quarenta cordéis com temáticas variadas, sendo o cangaço uma das principais.

Na Academia dos Cordelistas do Crato (ACC) ocupa a cadeira nº 21. Em 2010, foi selecionada para o Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel, com seu livro infantil “Juanito e o Monstro Marinho”. Neste mesmo ano, lançou o cordel “Quem são esses camaradas”? contemplado pelo Projeto Cordel Engajado apoiado pelo  Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel (2010), produzindo 21 mil cordéis para serem distribuídos em estabelecimentos de ensino e ONGs.

Nezite Alencar é nordestina arretada, apaixonada por sua terra, que faz cordéis de história e faz história no cordel.

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