Nascido em 10 de agosto de 1912, em Itabuna na Bahia, Jorge Amado é um dos poucos escritores brasileiros que pôde viver de sua própria arte e um dos mais adaptados para a televisão, o teatro e o cinema.
O antigo ocupante da cadeira nº23 da Academia Brasileira de Letras (ABL) experimentou quase todos os gêneros literários. São quarenta e nove obras – romances, memórias, crônicas, fábulas, poemas, viagens, histórias infantojuvenis – traduzidos para mais de cinquenta países.
Para melhor compreensão desse vasto acervo literário, costuma-se dividi-lo em fases: “Romance Proletário”, que retrata a vida rural e citadina de Salvador, com as obras “O País do Carnaval” (1931), “Suor” (1934), e “Capitães da Areia” (1937). O “Ciclo do Cacau” retrata a ganância dos coronéis e a exploração do trabalhador rural em obras como: “Cacau” (1933), “Sem Fim” (1943) e “São Jorge dos Ilhéus” (1944). O pitoresco, o saboroso e o apimentado compõem a fase de depoimentos líricos e crônicas de costumes com “Gabriela, Cravo e Canela” (1958), “Dona Flor e seus dois Maridos” (1966), “Tieta do Agreste” (1977), entre outros.
Independemente da fase, as obras amadianas são painéis políticos e críticos de análise de uma sociedade formada por classes sociais e tipos distintos (coronéis, latifúndios, trabalhadores, meninos de rua, prostitutas, lutadores de box, pais de santo). Todos são concebidos por sua força, determinação, humanidade e alegria em viver.
A imagem da mulher nordestina, em especial a da Bahia, é destaque na obra do escritor. Distante das personagens apresentadas no Romantismo, as personagens amadianas sãos concebidas por sua feminilidade, inteligência, garra, sensualidade, astúcia, determinação em não se deixar domesticar pelo sexo oposto, já que são conhecedoras de artifícios para arredar caminhos e chegar onde desejam. Elas (Gabriela, Flor, Tereza, Tieta), a todo instante, procuram modificar (ou pelo menos contribuem para essa modificação) as regras do jogo impostas por uma sociedade machista e opressora.
As mulheres de / em Jorge são transgressoras de vários arquétipos – recato, doçura, submissão e felicidade – logo, faz-nos olhar para trás e refletir acerca do silenciamento a que nos foi imposto, bem como encoraja-nos a olhar para frente e lutar para que nossa voz ecoe cada vez mais longe.
Contador de histórias, laureado escritor – Prêmio Camões (1994) e Jabuti (1959 e 1995) – Jorge Amado sabia como poucos fazer uso da linguagem oral. Em suas obras a linguagem concisa, direta e fluída (sem deixar de lado os traços poéticos) é primazia.
Jorge, comunista, engajado, político, é um nordestino amado por muitos e que espera ser lido por todos. Afinal, o escritor tem consciência do papel social que exerce na sociedade do qual faz parte, por isso se expõe e suscita questionamentos.
Sobre a autora:
Luciana Bessa Silva
Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler