Outubro já despontou nas folhas do calendário, e com ele a ambiguidade dos sentimentos que pulsam em meu peito todos os anos, por volta desses dias. É em outubro que o Brasil celebra o que a gente comemora todos os dias: a sorte de nascer no Nordeste.
Dizem que ser nordestino, é ser, antes de tudo, forte É carregar na coletividade, a braveza de um povo resiliente, que enfrentou a falta de chuva, a fome e a morte. Obrigado a abandonar sua terra, enfrentando uma triste partida, mas, com o desejo no peito, de pro mesmo “cantim” retornar
Herdeiras das Marias, da Penha, Bonita e Bethânia, as mulheres nordestinas são regadas à memória de Bárbara de Alencar, valentes que só a mulesta, são “mulher macho” sim, senhor! Os homens são cabras da peste, orgulhosos em serem “fios” do Nordeste, descendentes de Gonzagão, Seu Lunga e Lampião.
O Nordeste é poesia pura. Como mania de exportar cultura para o resto do Brasil (e do mundo), do nosso sertão saíram Alceu Valença, Rachel de Queiroz, José de Alencar, Jorge Amado, Nise da Silveira e Paulo Freire… Patativa do Assaré, Bráulio Bessa e Josenir Lacerda se juntam a Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira e Ferreira Gullar, mostrando um tiquinho da fartura poética nordestina.
Há quem diga que o Nordeste não vai para frente, que aqui só tem matuto, que morre de fome e sede. Juram de pés juntos, que nem falar a gente sabe… É verdade, Belchior, quando você, em “Conheço o Meu Lugar”, cantou que o Nordeste é uma ficção, porque esse Nordeste caricato que eles insistem em desenhar, eu mesma nunca vi, nunca houve. Não, não somos do lugar dos esquecidos, nem da nação dos condenados, e muito menos do sertão dos ofendidos.
Entre estereótipos, preconceitos e construções identitárias, os nordestinos resistem, como mandacaru que “fulora” na seca, cantando sertão com muito orgulho, seja na música, no romance, ou no cordel, sempre agarrados à força observada por Euclides da Cunha, em seu livro “Os Sertões” (1902).
Outubro já chegou, e com ele as flores do pequizeiro. A “quintura” é grande e o orgulho ainda maior. Que sorte é ser nordestina, e poder olhar o céu à noite e ver o mais belo luar do mundo, porque não há luar como este do sertão, nem “há pranto que apague dos meus olhos o clarão, nem metrópole que eu não vejo o luar do sertão”!
– 08 de outubro, dia do NORDESTINO
Sobre a Autora:
Shirley Pinheiro
Graduanda em Letras pela Universidade Regional do Cariri.
Parabéns Shirley.
Você me enche de orgulho.
Eu, um dia, pensei que escrevia mais ou menos, agora vejo que ando longe..
Você é fera.
Tem tudo para ser uma grande jornalista.
Grande escritora já é.
Meu abraço.
Vai em frente.