“Acreditamos que a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda” — Paulo Freire.
A educação foi um tema ao qual se debruçaram muitos estudiosos. Segundo José Carlos Libâneo, esta “é um conceito amplo que se refere ao processo de desenvolvimento unilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas — físicas, morais, intelectuais e estéticas — tendo em vista a orientação da atividade humana na sua relação com o meio social, em determinado contexto de relações sociais”. Paulo Freire, considerado o mais célebre educador, com atuação reconhecida internacionalmente, defendia a importância de pensar numa educação capaz de reconhecer a cultura do educando, a partir de sua realidade e leitura de mundo e propôs a educação como um diálogo entre o professor, o estudante e a sociedade. Já o filósofo Mario Sergio Cortella, afirma que não se pode confundir educação com escolarização, ao que ele diferencia a educação como um processo mais amplo de formação e a escolarização apenas como uma parte do processo de educar uma criança para a sociedade, atribuindo também à família a responsabilidade de ensinar às crianças questões como valores pessoais, éticos e morais.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96), legislação que regulamenta o sistema educacional do Brasil, seja no ensino básico ou superior, público ou privado, defende o direito à educação garantido pela Constituição Federal e define os princípios da educação bem como os deveres do Estado e da família em relação à educação escolar, com intuito de desenvolver o educando para “o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Em todos esses discursos é possível perceber a importância da educação para o homem em sociedade. Importância tal que vai além da transmissão de conhecimento teórico das disciplinas curriculares. A educação está nas salas de aula à mesma medida que está nos meios de comunicação, no convívio com o outro e nos valores aos quais esse indivíduo é submetido em seu cotidiano.
Uma preocupação mundial, a educação é pauta constante para uma das maiores agências das Nações Unidas, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que, no ano 2000, em Dakar, capital do Senegal, organizou o Fórum Mundial da Educação, que contou com a participação de cerca de mil representantes de mais de cem países, que resultou na “Declaração de Dakar”, um pacto pelo desenvolvimento que visava garantir que toda criança e adolescente tivesse acesso à Educação Básica e Secundária. Assinada em 28 de abril do mesmo ano, a declaração foi um marco para o ensino mundial, destacando a data como um dia simbólico para a celebração da Educação.
Hoje completam 22 dois anos desse dia histórico e ter uma perspectiva positiva acerca da educação no Brasil é algo desafiador e que tem se tornado ainda mais difícil. Com um governo que escancara a desvalorização do professor e que trata com descaso a educação, cabe ao educador desenvolver, muitas vezes sem recursos, práticas de ensino que evitem a evasão dos alunos da sala de aula. Os últimos anos foram de retrocesso para os brasileiros. Em 2021, o então ministro da educação, Milton Ribeiro, afirmou que o acesso à universidade é direito de poucos e que a educação inclusiva para alunos com deficiência “atrapalha” a aprendizagem de alunos sem deficiência, ao mesmo tempo que, em concordância com outros membros do governo, se opunha ao acesso à educação sexual nas escolas, com propagação de notícias falsas em redes sociais. Com a experiência de quem se encontra no meio das duas pontas da educação (educanda e educadora), afirmo que nossa luta em defesa do ensino está apenas no começo!
REFERÊNCIAS:
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994
Sobre a autora:
Shirley Pinheiro
Graduanda em Letras pela Universidade Regional do Cariri.