Perto de Fortaleza, se localiza uma das mais povoadas cidades do Ceará. Considerado o segundo município mais bem desenvolvido do estado, não é de se estranhar que Sobral foi e é o berço de importantes figuras, que ganharam destaques nacionais. Em 1919, a terra, que a escritora Rachel de Queiroz adotou como lar, foi palco para um evento mundial, quando cientistas brasileiros, norte-americanos e britânicos se agruparam em torno da cidade com interesse em observar, registrar e estudar o eclipse total do sol que aconteceu em 29 de maio daquele ano. Tudo isso para comprovar a Teoria da Relatividade do físico alemão Albert Einstein. Comprovada a teoria do estudioso “gringo”, só nos resta a constatação de que Sobral é mesmo porreta.
Destaque, não somente no âmbito científico, Sobral deu à luz a grandes nomes da política, da música, do humor e da literatura brasileira. Em 18 de setembro de 1850, nasceu, na cidade, o autor de um dos maiores clássicos da literatura produzida no nordeste, Domingos Olímpio, advogado, jornalista e romancista brasileiro, um diplomata, republicano e abolicionista, considerado o precursor do romance moderno brasileiro.
Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Recife, Domingos Olímpio se destaca, não somente pelo seu diploma, embora tenha exercido a profissão jurídica durante muitos anos, em vários estados do Brasil, e tenha atuado como diplomata nos Estados Unidos, mas pelo seu currículo, que figura, inclusive, o título de patrono da cadeira nº 08 da Academia Cearense de Letras, tamanha a sua importância no cenário literário regional.
Domingos Olímpio escreveu sua primeira obra em 1903. O romance regionalista Luzia-Homem é considerado sua obra prima, que narra a história de Luzia, uma retirante arredia, que se difere pelas suas qualidades físicas masculinas e sua beleza de mulher, que sofre preconceito por conta de seu comportamento e estilo de vida. Uma obra realista, que retrata a dureza enfrentada pelos cearenses durante o ciclo das secas no Nordeste.
Conterrâneo de Belchior e Renato Aragão, e contemporâneo de Castro Alves, Domingos Olímpio foi autor de romances e peças de teatro, muitas publicadas postumamente. Sua escrita se caracterizava pelo realismo empregado nas descrições e narrativas de suas obras, numa época em que transitava entre o regionalismo romântico. Um escritor que garantiu seu espaço na história literária, não só do Nordeste, mas do Brasil.
Sobre a autora:
Shirley Pinheiro
Graduanda em Letras pela Universidade Regional do Cariri.