Hemerson Soares
Ler é uma atividade que exercita nossa mente sob diversas perspectivas. Podemos aprender novas técnicas, conhecer lugares (mesmo que sejam apenas fictícios) ou ainda nos ajudar no autoconhecimento. E é nesse último ponto que destacarei no decorrer desta resenha.
O livro intitulado As 5 linguagens do amor foi escrito por Gary Chapman, conselheiro de casais e pastor, além de ser formado em Teologia e Antropologia. Gary realiza em várias partes do mundo palestras sobre relacionamentos e casamentos. Ele tem dois filhos, e é casado com Karolyn J. Chapman. Além disso, o escritor nasceu em 1936, na cidade de China Grove, nos Estados Unidos.
Fazendo uma breve descrição da proposta da obra, é importante contextualizar que Gary definiu as 5 linguagens do amor de acordo com suas experiências e estudos acerca de relacionamentos. Uma das conclusões dada pelo autor é que nem sempre os casais falam a mesma linguagem (e isso é mais comum do que você pode imaginar). Outro achado pertinente, é que o homem e a mulher têm percepções distintas em relação aos atos de amor (mesmo que ocorra de ambos falarem a mesma linguagem). Para algumas pessoas o amor pode significar palavras de afirmação que encorajam a parceira; ou quando se dedica um tempo exclusivo para ela; ou quando se presenteia com algo (que não precisa ser de alto valor financeiro); ou também quando realizamos um ato de serviço para ajudar nossa parceira; ou quando demonstramos nosso carinho através do toque físico. Todos nós podemos demonstrar amor utilizando essas linguagens, porém, alguma\s dessa\s linguagens podem ser mais presentes do que outras. Isso dependerá da sua personalidade e do contexto no qual você cresceu, mas independente disso, você poderá se autoconhecer (assim como eu) ao ler essa obra.
Antes de adentrar na obra em si, explicarei os motivos que me levaram a ler esse livro. Bom, neste ano de 2024 ocorreram muitas mudanças positivas em minha vida e uma grande benção de Deus foi ter encontrado uma companheira. Nosso relacionamento ainda é muito jovem, porém, nós dois sabemos que um relacionamento requer dedicação e disposição para superar desafios. Pensando nisso, decidi fazer a leitura da obra de Gary Chapman visando autoconhecer e responder algumas indagações que fiz a mim mesmo, como por exemplo: Qual é a minha linguagem do amor? Qual é a linguagem do amor da minha namorada? Tenho mais de uma linguagem? Como posso fortalecer a minha relação? Nos próximos parágrafos abordarei minhas impressões do conteúdo da obra.
Partindo para o conteúdo da obra que apresenta no total treze capítulos, destaco que já no início da obra o conselheiro Gary Chapman nos ambienta abordando questões comuns no casamento. No capítulo um, é esclarecido uma interessante pergunta “O que acontece com o amor depois do casamento?”, no qual o autor descreve o que ocorre com o nosso estado emocional entre o namoro e o casamento. Esse é o ponto de partida que nos leva a entender o motivo, em que muitas vezes o amor muda quando chega na fase do casamento. Nos capítulos dois e três, são conceituados os termos ‘tanque de amor’ e ‘paixão’, bem como sua importância na relação. Gostaria de adiantar que o termo ‘tanque de amor’ refere-se ao nosso nível de amor que sentimos receber do nosso cônjuge, isto é, trata-se do quanto percebemos que estamos sendo amados. Nesses capítulos iniciais aprendemos que a paixão é diferente do amor, pois enquanto a paixão é algo efêmero, o amor é duradouro. Contudo, o principal ponto é compreender que o amor é algo que alimentamos todos os dias, para que ele se mantenha firme na relação.
Já entre os capítulos quatro e oito são apresentados ao leitor as cinco linguagens do amor: 1) Palavras de afirmação; 2) Tempo de qualidade; 3) Presentes; 4) Atos de serviço; e, 5) Toque físico. Em relação as Palavras de afirmação, Gary descreve como a linguagem no qual fazemos uso de palavras encorajadoras, gentis e humildes para com a parceira, ou seja, as palavras têm o poder de influenciar nossas ações. Então, por exemplo, quando elogio minha namorada dizendo “Sou muito sortudo por ter você me apoiando nos meus estudos para passar em um concurso” estou transmitindo o quanto me sinto bem com algo que ela fez e/ou faz por mim. Entretanto, advirto que as palavras de afirmação devem ser genuínas, ou seja, não devemos falar por falar e nem mesmo criar uma mentira para agradar nossa parceira, mas sim falar situações reais que sentimos para ela. Outra coisa que preciso pontuar, é que usar as palavras de afirmação ajudam a criar um clima agradável mesmo em momentos difíceis na relação, pois, nossa forma de comunicar verbalmente tem uma influência bastante significativa, o que pode resultar em mais segurança, compreensão e cumplicidade na relação.
No capítulo cinco, temos a linguagem do amor batizada por Tempo de qualidade. No decorrer do texto, nosso conselheiro explica que esta linguagem está alicerçada na ideia de passarmos um tempo dedicado exclusivamente a nossa parceira. E você deve estar pensando: qual o motivo? Passar um tempo de qualidade é um momento de alimentar a chama do nosso amor. Como o autor já explica no início da obra: diferente da paixão o amor é feito para durar, porém, isso exige que todo casal reserve momentos para si. Desse modo, por meio do Tempo de qualidade, podemos escolher tarefas para fazer a dois, como por exemplo: viajar, caminhar, ir ao museu, jantar fora, visitar novos lugares, realizar um piquenique, etc. Não importa qual atividade faça, desde que seja algo que agrade a ambos e que dê um momento reservado para o casal conversar e colocar seus assuntos em dia.
No capítulo seis surge a linguagem do amor Presentes, que se trata do ato de oferecer presentes à nossa parceira. Desde já adianto que presentear não significa dar algo de alto valor monetário. Corroborando o autor, e pela minha experiência (pois adoro dar presentes) presentear não é simplesmente comprar qualquer coisa para dar a sua amada. Isso vai muito além, pois, presentear é escolher ou criar algo que venha de seu coração e que possa, de alguma maneira, fazer nossa namorada/esposa feliz. E como Gary ressalta, presentear não é necessariamente comprar algo caro, grande ou chamativo, pois o mais importante é você saber transmitir para a sua amada o quanto a ama. E caso você tenha dificuldades em saber como presentear, na obra são fornecidas dicas de como descobrir o que a sua mulher gosta de ser presenteada.
Na quarta linguagem, temos os Atos de serviços tratados no capítulo sete, o qual aborda a comunicação do amor através de atos que fazemos para ajudar nossa parceira. O ato de serviço é basicamente alguma atividade que fazemos por quem amamos, como por exemplo, lavar a louça, cuidar dos filhos, fazer uma massagem na parceira, dar remédio quando sua namorada/esposa está doente, levar ao médico, etc. Considerando as exposições de Chapman, posso afirmar que o ato de serviço é uma forma de demonstrar amor de maneira bem prática, uma vez que a nossa namorada/esposa se sente amada quando fazemos um ato que a faça se sentir bem e feliz. Particularmente, acredito que demonstrar um serviço para quem amamos é uma maneira de estar bem consigo mesmo, pois quando fazemos algo que faça feliz quem amamos, automaticamente ficamos felizes em servir.
Para finalizar sobre essa linguagem do amor, enfatizo que não se pode confundir os Atos de serviço como a realização de apenas atividades domésticas. Não podemos achar que os Atos de serviço são a mesma coisa que realizar suas atividades/reponsabilidades de casa. O ato de serviço é algo feito com carinho de maneira voluntária sem se sentir obrigado. Além do mais, eles podem fazer com que nossa parceira se sinta amada dependerá dos gostos dela, portanto, é importante conhecê-la bem para descobrir quais atividades a fazem se sentir querida.
Por fim, no capítulo oito somos contemplados com a quinta e última linguagem do amor: Toque físico. De acordo com Chapman, o Toque físico é uma outra maneira de demonstrarmos amor a nossa namorada/esposa. Dependendo dela, há determinados toques físicos que a fazem se sentir amada. Todavia, cabe destacar uma informação elementar: o mencionado autor ressalta que, embora também abranja, o sexo não é a única forma de toque físico. Desse modo, tenha em mente que a linguagem do Toque físico é muito abrangente e que é necessário conhecer quais tipos de toques fazem sua parceira se sentir bem e querida.
Quanto aos capítulos finais não irei me aprofundar, mas isso não significa que são menos importantes. No capítulo nove, Gary nos mostra como fazemos para descobrir nossa linguagem primária. Isso quer dizer que todos nós utilizamos as 5 linguagens do amor, porém, há sempre uma linguagem que é mais forte e fundamental para que nós e nossas parceiras se sintam amadas. No capítulo dez, nosso conselheiro traz uma importante mensagem: “Amar é uma escolha”, isto quer dizer que o amor não se constrói sozinho e que não acontece sem que façamos escolhas pelo amor que temos pela nossa namorada/esposa. Já no capítulo onze é versado como o amor faz diferença em nossas vidas. No capítulo doze é abordada uma questão que pode ser muito interessante: amar quem é difícil ser amado. Nele, o autor mostra que amar alguém difícil é possível, desde que exista disposição do casal em melhorar a relação. Por fim, no capítulo treze, Gary Chapman traz algumas orientações e conselhos finais que podem mudar positivamente a vida de todos os casais.
Após explanação do conteúdo da obra, tecerei alguns comentários iniciando sobre quais sensações tive durante a leitura. Primeiramente, destaco que várias pontuações feitas por Gary me fizeram refletir e relembrar situações as quais passei. Isso ajudou a me colocar no lugar das histórias de casais contadas durante a obra desde os gostos de cada um até os momentos comuns de divergências de opiniões. Outra questão é que ler as histórias de casais, me fez refletir que é possível sempre buscar uma solução para os problemas, porém é algo que exige paciência e dedicação, isto é, quando temos a preocupação de resolver calmamente uma situação com a nossa namorada/esposa, certamente chegará tal solução.
Além daquilo que falei no parágrafo anterior, percebi também que infelizmente entre nós homens ainda há uma preocupante resistência em reconhecer quando há um problema; e pior ainda em perceber quando a parceira não está bem e ainda colocar esse peso dos problemas da relação unicamente para ela. Claro que também pode acontecer o inverso, contudo segundo a obra, essas questões são mais frequentes com o sexo masculino. Então, vai aqui um conselho para você homem que estiver lendo essa resenha: seja atento e cuidadoso com a sua amada; observe-a em busca de saber se está tudo bem, e se algo não estiver, conversem e tentem buscar uma solução juntos. O mais importante na relação é ambos trabalharem para resolver o problema, portanto, evite ficar ‘desviando’ dos problemas ao invés de superá-los. Isso com certeza tornará a relação mais sólida e gerará confiança mútua.
Gostaria também de relatar o que a obra mudou em mim, e já afirmo que essa leitura me fez refletir em diversas atitudes que devo colocar em prática. Acontece que relacionamento é algo que eu ainda estou aprendendo, e acredito que é uma aprendizagem constante. Como o próprio autor diz “não existe uma fórmula para casamentos”, então não leia achando que você encontrará um conjunto de regras que servirão para qualquer relacionamento. A ideia central da obra é demonstrar que o homem e a mulher falam linguagens diferentes, e que o mais importante na relação é compreender como é comunicada a linguagem do amor da nossa parceira (e vice-versa). Em suma, a leitura dessa obra mudou minha visão acerca de relacionamentos, portanto, aprendi muito e estou buscando pôr em prática em toda a minha vida.
Diante de minhas impressões, vou responder a seguinte questão: para quem eu recomendo essa leitura? Eu recomendo para todas as pessoas, mas especialmente para namorados e casados. Talvez você que esteja lendo pense que falar acerca dessas linguagens seja algo meio ‘viajado’, e de fato pode acontecer isso se a leitura for feita sem uma reflexão aprofundada do seu cotidiano e da sua relação. No entanto, realizar essa leitura contextualizando com a sua realidade, sobretudo com o amor da sua vida, lhe ajudará a melhorar o relacionamento. Afinal, temos que partir do princípio que não nascemos sabendo de tudo, e em face a isto, precisamos estar dispostos a aprender sempre mais, mesmo que sua relação esteja maravilhosa tenha certeza de que poderá se tornar ainda melhor.
Além disso, a leitura desse assunto pode ser complementada com outras obras. Vou citar aqui três que já li, que são: ‘O milagre da manhã para transformar seu relacionamento’, escrito por Hal Elrod, Paul Martino, Stacey Martino e Honorée Corder que apresenta diversos conselhos que ajudam no relacionamento e orientações para crescimento pessoal; ‘O marido que eu quero ser’ escrito por Jaime Kemp, essa obra pequena e sucinta aborda conselhos sobre o papel do homem no casamento; e por fim, em ‘A esposa que eu quero ser’ escrita por Judith Kemp aborda de maneira semelhante o papel da mulher no casamento.
Para finalizar, gostaria de destacar que no final do livro há dois questionários (um para a mulher e o outro para o homem) que ajudam a identificar quais são as suas linguagens do amor. Vale muito a pena entender que o amor se manifesta de várias formas. Ter essa compreensão é fundamental para conhecer sua parceira (e vice-versa), e assim, como afirma Gary Chapman, seguindo esses ensinamentos poderemos “encher o nosso tanque de amor”.
A outra grande mensagem que essa obra traz é que “Amar é uma questão de escolha”. A paixão é algo passageiro, mas o amor é algo que escolhemos. Podemos fazer tudo de melhor para quem amamos, desde que essa seja nossa escolha.
Referência:
CHAPMAN, Gary. As 5 linguagens do amor. 3 ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2013.
Sobre o autor:
Hemerson Soares
Amante de jogos, livros, séries e filmes. Aprendi que a leitura de tudo que está ao meu redor são as maiores fontes de informação e de conhecimento. Sou Bibliotecário, Diagramador, Editor, Ciclista e Gamer (quando pode).