A modernidade

A sociedade pede humores, e não rumores. Chega de querer essa tal fama fácil, esse status aparentemente alcançável, a busca incessante, e por vezes, alienante levará ao fim a espécie humana? O status quo desafia o próprio indivíduo a passos lentos e temerosos, o existir, a acessibilidade aos poucos usurpa o tempo este companheiro diário, e quando se vê já foram 12h do seu precioso “time”. A correria frenética, a busca pelo apogeu, os likes esperados, o ver não vendo, o ouvir e não escutar, o buscar desenfreado por mais, e o frenesi te devoram.

Querer provar o improvável, ter ou ser, eis a questão? Não paramos, sucumbimos e assim nos curvamos, adoramos e louvamos aos seres mortais e digitais existentes. Beiramos a ignorância e, pasmem, nem percebemos, somos robotizados, seguimos patrões pré-estabelecidos, adotamos conceitos de uma sociedade-líquida, vestimos uma roupagem efêmera e essa ilusão vendível corrompe o meio e aliena o homem.

A modernidade e suas tecnologias nos mostram que estamos vivendo o auge do século XXI, onde o digital reina e camada sem papas na língua, a conectividade, a agilidade e a facilidade que nos mantêm vulneráveis a própria espécie humana. Termos como: segurança, estabilidade, afetividade, calor humano tornaram-se escassos. Não há mais o humor, o que sobrou foi rumores de uma vida vista por alguns como ultrapassada, brega e chata. O normal, o comum é estar 24h conectados, o contrário seria uma confissão de ultrapassados. Aparelhos modernos ganham espaço e conquistam o lado mais frágil do ser humano, a validação alheia, relatos e comentários pressionam e te fazem acreditar que estar no digital é suficiente. Um misto de ilusão de óptica, de preencher, de buscar, sair e entrar, pertencer e não estar.

A era digital chegou, mas não se engane, a era medieval ainda reina, os opressores continuam a existir numa esfera bem mais ampla. A caverna é real, ela aprisiona os alienados, os desinformados, mas fiquemos tranquilo o xeque-mate é sempre nosso.

Sobre a autora:

Gracynha Rodrigues

Formada em Letras pela Universidade Regional do Cariri (URCA), uma apreciadora das palavras, músicas, livros e pessoas. Além disso, é pós-graduada em Literatura e uma aspirante a cronista em desenvolvimento…

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