Acordou às duas horas, achando que já eram quatro. Tentou em vão dormir novamente, reboleou na rede, mas nada de pregar os olhos. Seguiu a rotina: tomou banho, colocou água para ferver com depois ovos, aproveitou a mesma água para fazer o café. Tomou dois goles de café e seguiu para a academia: vinte minutos de esteira, depois as outras máquinas—dia de perna. Voltou escutando um podcast sobre literatura. Trocou de roupa para ir ao trabalho, antes tomou um café no pai como um pedido de bênção.
Rumo ao trabalho, vai lendo um livro de poesia para ver quem passa nas páginas. Quer se desligar do mundo e dos seus problemas. Por alguns instantes, se conecta à paisagem do livro.
Perderam a chave, porta fechada. Espera alguns minutos para bater o ponto; enquanto isso, toma água.
Entre guerras e tréguas, tudo se mistura—nunca se sabe quando vem o próximo bombardeio. Guarda o livro de poesia, respira, olha para os lados: parece tudo tranquilo. Observa a sua camisa azul com listras cinzas; parece um caminho único, mas o que chama a sua atenção é que ela está toda engelhada. Sorri, sai preocupado sabendo que a sua camisa enrugada não é um problema na sua vida.
Sobre o autor:

Alexandre Lucas
Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho no Ceará, pedagogo, artista/educador, militante do Coletivo Camaradas e a integrante da Comissão Cearense do Cultura Viva.