Quinta-feira

Hoje tive um dia péssimo! Daqueles que já começam ruins antes mesmo de acordar.

Ainda era madrugada, quando fui abandonada em um sonho, por duas pessoas um pouco próximas. Não tanto. Não mais. E, sinceramente, não consigo imaginar um inferno pior do que o de ser deixada para trás, um sentimento tão projetado nas minhas angústias e poesias, que tem se introjetado nos meus espaços não tão seguros, mas ainda assim lúdicos, dessa vez, no meu sono.

E se uma noite é ruim, o dia depois dela certamente será também. E assim coleciono dias de agonia e noites mal dormidas.

Nas primeiras horas da manhã, meu corpo, atingido pelo cansaço antes mesmo de levantar-se, luta contra o desejo de aproveitar “só mais cinco minutinhos”. Tempo pro café da manhã já não tem mais. De cinco em cinco minutos, o papo da galinha permanece seco. A próxima refeição, só lá pro meio dia.

Nesse meio tempo, a alma se alimenta de gritos infantis nos momentos impróprios e perguntas não respondidas. Às vezes o ofício não compensa. E eu tava me achando tão boa naquilo que me sustenta. A confiança agarrada à experiência. Mas basta um descontrole e tudo desanda.

Mas não é apenas um descontrole.

Semana passada escrevi uma confissão sangrenta. Estava pronta para publicar, mas de repente as palavras começaram a chorar na tela do meu computador e a pele, sucumbida à vergonha, decidiu guardar pra si, a angústia traduzida.

O caos do dia se encaminha para a noite.

É quinta-feira. Meu pôr-do-sol preferido!

Mas, hoje ando meio apreensiva. Meu valor, reduzido ao medo e às baixas expectativas. Há um mês que ando engasturada.

E então o sorriso novamente. A resposta. O toque. O rubor na pele.

E as quintas-feiras voltam a ser quintas-feiras (elas nunca deixaram de ser).

Sobre a autora:

Shirley Pinheiro

Graduada em Letras pela Universidade Regional do Cariri.

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