Mais um mês se inicia e com ele comemorações e, claro, reflexões. Maio é uma homenagem à deusa grega Maya, mãe de Hermes, divindade com o poder da oratória, que traz em sua essência a fertilidade. Já os católicos romanos dedicam esse mês à Virgem Maria.
Em seu primeiro dia, há o Dia do Trabalhador, data escolhida, porque no ano de 1886, trabalhadores da cidade estadunidense de Chicago, realizaram uma grande manifestação para reivindicar melhores condições laborais. Em oitenta países ao redor do mundo, trabalhadores se reúnem em praça pública para reafirmar sua luta diária na transformação da sociedade, em que todos(as) possam ter um trabalho digno e bem remunerado.
Aqui no Brasil, foi no dia 01 de maio de 1940, que, o então Presidente da República, Getúlio Vargas, instituiu o salário mínimo no país. No ano seguinte, a data foi utilizada para marcar a criação da Justiça do Trabalho. E, em 1943, foi sancionada a CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas – cujo objetivo é a regulamentação das relações individuais e coletivas de trabalho.
E já que iniciamos o quinto mês do ano falando em comemorações, destaco dois trabalhadores ilustres: o escritor José de Alencar e as mães. O primeiro é autor da obra O Guarani (1857), uma narrativa de dimensões épicas, que traz em seu bojo conflitos de amor entre Cecília (cultura branca) e Peri (cultura indígena), causando conflitos culturais e trazendo o debate para a colonização do território brasileiro.
José de Alencar, um trabalhador-escritor, atuou além do romance, no jornalismo, no teatro, na crônica, na biografia, na crítica literária e na política. Nascido em 01 de maio de 1829, em Fortaleza (CE), é um dos trabalhadores da palavra que mais suscitou concepções contraditórias de seus pares. Uns o julgavam “genial”, outros “polêmicos”, muitos o taxam de escrever de modo hermético; ora não passava de um mero contador de histórias dos índios.
Alencar é tudo isso e muito mais. Sua obra contribuiu para que pensássemos o papel do escritor na sociedade de seu tempo, nos colocou a par dos usos e costumes, e da política brasileira em plena época do Segundo Reinado. Não bastasse, nos fez refletir sobre o papel da mulher na sociedade através dos seus perfis femininos: Lucíola (1862), Diva (1864) e Senhora (1875).
Por falar em mulher, maio é mês das trabalhadoras-mães. Para elas, não há remuneração, dias de descanso, sábados, domingos, férias, ou mesmo noites de sono tranquilo: se os filhos são bebês, necessitam de sua total atenção para se nutrir e se desenvolver; se são adolescentes, se acham os donos da situação e se julgam os sabedores do que é melhor para si. É nessa fase que as mães mais trabalham. Algumas dessas mulheres ainda são esposas, filhas de suas mães e, desempenham outras inúmeras atividades.
Ser mãe é um trabalho que envolve gestar, parir, criar, maternar e educar. Nele não há fórmulas, garantias, tampouco, desistência. É assumir outras profissões como: educadora, psicóloga, cozinheira, médica, enfermeira, fotógrafa, adivinha, conselheira, etc. Exige força, resiliência, diálogo e amor incondicional.
Que a fertilidade de Maya possa ser colhida pelos trabalhadores escritores e pelas trabalhadoras mães. Os primeiros nos legaram palavras-reflexão sobre as dores e as delícias de se viver em sociedade. As segundas proferem palavras-reflexão para que seus filhos possam caminhar com suas próprias pernas escrevendo narrativas de luta e de superação.
Sobre a autora:
Luciana Bessa Silva
Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler