ENTREVISTA

1. Soraya Sant’Ana, ou simplesmente, Sol, a estrela mais próxima da Terra, que ilumina nossos dias. Você é essa energia solar? Quem é a Sol?

Eu me considero muito solar mesmo, sou enérgica, gosto de movimento e até funciono melhor de dia rs 

Eu também sou um misto equilibrado entre o som do heavy metal e os mantras da yoga. Amo ouvir histórias e de certa forma sinto que consigo entender minha própria vida através das experiências dos outros. Me considero uma grande entusiasta do viver.

2. O livro A Décima Primavera é dedicado “À Maria Neci Barbosa (in memoriam), que serviu de inspiração para você e que durante a vida foi minha fonte inesgotável de incentivo”. Nos apresente Maria Neci.

Neci foi minha melhor amiga, embora sua missão nesta experiência terrena tenha sido a de vir como minha mãe. Ela era a personificação do espírito livre. Uma mulher de alma alegre. Canceriana com a Lua em Sagitário ela era emocionada (como dizem os jovens de hoje). Tinha pressa de amar e viver experiências.  

Neci gargalhava alto e chorava de rir! Era cativante!

Foi dela que ganhei de presente o codinome Sol.

Ela fazia questão de usar metáforas poéticas para me descrever e o sua forma amorosa de ver o mundo e também as pessoas foi o que me inspirou durante todo o tempo em que pude partilhar a vida com ela.

3. Você é mãe de Klaus e Orion, seu combustível de força nessa jornada. Como é maternar?

Eu achava que nascia um bebê e nascia uma mãe, mas comigo não aconteceu assim. Até hoje, quase 10 anos após ter vivenciado minha primeira experiência como mãe, ainda me sinto imersa na jornada do aprendizado materno.
Eu sinto que me transformo em uma mãe renovada a cada experiência que compartilho com meus filhos. Acredito que apear dos altos e baixos, o amor ainda é a melhor forma de ensinar. A maternidade apesar de ser uma jornada profundamente pessoal ainda assim me trouxe experiências de aprendizados significativos através dos grupos de mães aos quais me inseri desde a primeira gestação em 2013.

A base de sustentação do meu maternar foi construído através das trocas que tive e que tenho com outras diversas mães. Quando compartilhamos histórias, desafios e também os atos de sucessos permitimos que as outras mães se sintam menos isoladas em suas experiências. Essa conexão é fundamental para me fortalecer e todas as lutas que travo diariamente na tentativa de ser a mão possível para os meus filhos. O Klaus e o Orion me trazem para o estado de presença constantemente e foi por eles que eu aprendi que devo me priorizar para então sustentar um maternar sereno e amável. Quando me amo e me cuido, consigo exercer o lugar de cuidadora e responsável com êxito, embora a culpa materna ainda ocupe um lugar no meu dia a dia. Em geral, a maternidade é verdadeiramente complexa!

4. Na adolescência, como era sua relação com a leitura e com a escrita? O luto, a perda a ausência te tornaram escritora?

Eu tive uma infância e pré-adolescência bem desafiadoras, lembro de escrever em meus diários sobre medo e sobre as tristezas do mundo ao qual eu era inserida. A maioria das crianças da minha época temiam o bicho papão típico das ficções, eu não. Meus medos eram palpáveis e difíceis de externar com os adultos ao meu redor. Já no auge da minha adolescência eu conheci sobre Álvares de Azevedo e me encantei com o jeito romântico que ele falava da exaltação da morte e da fuga da realidade. Aquele ar de melancolia e pessimismo me fascinavam (rs). Eu fui uma adolescente meio gótica, gostava de ou vir bandas do estilo metal sinfônico e naquela época os traços de exagero sentimental e o tom meio mórbido me despertaram para a escrita. Percebo que fico mais criativa nos momentos desafiadores, então acredito que o luto e as dores da alma me conduziram ao despertar deste arquétipo de escritora.

5. Você diz em seu livro que guarda “muitas histórias num baú secreto que chama de coração”. Além de histórias, o que podemos encontrar em seu coração? Já tem em mente outras históricas que deseja contar?

Em A Décima Primavera eu escrevi sobre dor, mas também sobre a fé e sobre o otimismo. Essa experiência me vez perceber que tenho muito amor neste baú. Desejo continuar compartilhando histórias, pois o meu coração está repleto de memórias bonitas e que merecem ganhar o mundo.

6. Que mensagem você poderia deixar para os nossos leitores/leitoras que ainda não despertaram para a leitura de outras mulheres? Por que ler mulheres?

Entendo que as obras escritas por mulheres ajudam a promover uma maior representatividade na literatura. É inclusive uma forma poderosa de promover a igualdade de gênero e apoiar a diversidade no mundo das publicações. Quando abrimos espaço para vozes femininas entrarem nas nossas prateleiras de livros, estamos contribuindo para um mundo mais inclusivo e equitativo.

Sobre a autora:

Soraya Sant’Ana

Soraya Sant’Ana, codinome Sol, é uma alma dividida entre o mundo do marketing e a busca do pensamento crítico do curso de Ciências Humanas. Desde 2022, empreende na terra de Padim Ciço e da Beata Maria de Araújo, levando a yoga para as mulheres e despertando o empoderamento através de uma prática inclusiva e acessível.

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