My mama told me when I was young
We are all born superstars
She rolled my hair and put my lipstick on
In the glass of her boudoir
There’s nothin’ wrong with lovin’ who you are
She said: ‘Cause He made you perfect, babe
So hold your head up, girl, and you’ll go far
Listen to me when I say
I’m beautiful in my way
‘Cause God makes no mistakes
I’m on the right track, baby
I was born this way
(Born This Way, Lady Gaga)
Eu não canso de me surpreender com o poder catastrófico que a arte tem sobre mim.
São as primeiras horas de um domingo, e eu me encontro derramando lágrimas e lágrimas, em frente à tv, numa tentativa vã de processar o impacto que o show da Lady Gaga, no Rio de Janeiro, teve aqui, no escuro do meu quarto.
A verdade é que a Mother Monster have left me speechless. Logo eu, que tanto me orgulho das minhas palavras, não sei o que falar… ou escrever.
Em minha defesa, para amar a arte, muitas vezes não precisamos de palavras. O que precisamos é de sensibilidade. E o que posso dizer, é que nesta noite, eu, Lady Gaga e uma garrafa de vinho transbordamos sentimentos diversos e coloridos, como os que nos colocam nesse mundo.
Sei que muitos não entenderiam, afinal, uma mulher super fã de alguém é uma mulher histérica, sobretudo se este alguém for outra mulher, com o nível de subversividade da Lady Gaga. Mas, histerismos à parte, a sobrevivência desta que vos fala, se deve muito à existência artística de Stefani Joanne Angelina Germanotta, our Mother!
Ainda lembro de quando conheci a Lady Gaga, nem sei que ano era, mas assistir ao clipe de Paparazzi pela primeira vez me deixou encantada e perplexa na mesma medida. Algum tempo depois, assistir ao Rodrigo Faro performar as músicas da Gaga foram essenciais para formar o meu caráter! Podemos considerar que esta foi a primeira vez que dancei Lady Gaga em frente à televisão. Muitas outras viriam a partir daí, sobretudo, por volta de 2016, quando passei a gritar “Just Put Paws Up!” com toda minha força interior.
O início da minha transformação monstruosa se deu a partir da leitura do livro Como Ser Mulher, da escritora britânica Caitlin Moran, onde ela descreve uma farra que teve com ninguém menos, que LADY GAGA!
Naquele tempo, eu nem sabia ainda, mas minha existência clamava por representatividade. E juntando a fome com a vontade de comer, baixei todas as músicas possíveis, daquela que viria a se tornar a mulher da minha vida (no sentido não romântico, mas só porque as uvas são verdes demais).
Lady Gaga passou a encantar meus ouvidos 24h por dia. Foi a minha transição de “emo soft”, para “uma mulher viado”. Eu estava obcecada, passava 80% do meu tempo falando sobre a Lady Gaga e nos outros 20% torcia pra que alguém falasse dela pra eu poder falar mais um pouco. Talvez eu fosse um pouco histérica mesmo. Talvez eu ainda seja. Tá aí o poster na minha parede e as três biografias sobre a vida dela que não me deixam mentir.
O fato é que a música e a arte da Lady Gaga me ajudaram a sobreviver a um dos momentos mais complexos da minha existência e da minha compreensão pessoal. E felizmente eu não fui a única. E eu nem tô falando do 2,1 milhões de pessoas (esses são os números informados até o momento em que esse texto foi escrito) que foram prestigiá-la ao vivo, estou falando dos meus Little Monsters favoritos, que assim como eu não tiveram condições de ir para Copacabana, mas assistiram de casa e surtaram e choraram junto comigo, vendo nossa mãe fazendo história na nossa terra.
E que show, senhoras e senhores.
Se, de longe, eu não consegui conter as lágrimas, os arrepios e a vontade de rodopiar pela casa sem saber as coreografias (e isso não me faz menos little monster, eu sei cantar as músicas), imagina se eu tivesse conseguido vender meu rim direito para ir vê-la pessoalmente? Era capaz de eu morrer na frente dela — de um enfarto ou de um surto histérico.
Brincadeiras à parte, fica aqui a promessa: sobreviver até o dia em que eu puder assistir um show da Lady Gaga presencialmente!
Dito isto, Little Monsters, paws up, ‘cause monsters never die! Palavras da nossa Mother!
Sobre a autora:

Shirley Pinheiro
Formada em Letras. Graduanda em História pela Universidade Regional do Cariri.