São muitos os nomes de mulheres que contribuíram para que a Literatura Cearense não fosse contada sob a ótica masculina, o que nos faz lembrar “ O perigo de uma história única” (2009), de Chimamanda Adichie.
A mulher, ao longo da História, foi negado o capital simbólico (aquilo que chamamos prestígio ou honra e que permite identificar os agentes no espaço social). Frequentar o espaço público, ler e escrever não lhe eram permitidos.
O gênero foi o responsável por criar uma literatura produzida e lida pelo próprio homem. Por mais que tentem, as mulheres resistem. É o caso de Antônia Sampaio Fontes, nascida no dia 24 de fevereiro, de 1884, em Baturité-Ce. Em seu livro “Samambaia” (2009), declarou: “Eu canto Deus e o amor, / Canto o mar beijando a praia, / Canto a ave, canto a flor!”.
Além de enaltecer a natureza, Antônia também celebrou os primeiros anos de vida no poema “Minha Infância”, ao fazer uma paródia do texto “Meus oito anos”, do poeta romântico Casimiro de Abreu: “Oh! Que saudade que tenho / Do despontar da existência, / Dos meus dias de inocência, /Do meu viver de criança”.
Os poemas de Antônia Sampaio nos remetem ao Romantismo: idealização do amor, sentimentalismo exacerbado, egocentrismo. Aos 16 anos, Antônia escreveu “Desengano”: “ Amar e ser amado é belo! É tudo, eu sei! / Amar sem ser amado é triste…”.
Parece que as filhas do casal Antônio Jardim e Maria Sampaio Jardim tinham uma inclinação para as letras. Antônia tinha uma irmã Maria, nascida em 07 de janeiro de 1888, em Paracuru. Além de coautora de “Átomos e Centelhas”, figura na Antologia “Sonetos Cearenses” (1938). Vários de seus poemas foram publicados em “O Malho” e nas revistas “Fon-Fon” e “Vida Doméstica, do Rio de Janeiro.
Leiamos as irmãs Sampaio (Antônia e Maria). O perigo de uma literatura contada somente pelos homens é a criação de estereótipos e pré-julgamentos.
Sobre a autora:
Luciana Bessa Silva
Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler