Manuel Bandeira: um lírico moderno

O poeta gauche Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) declarou que “Há vinte e dois anos” conhecia e praticava Manuel Bandeira e nunca havia se arrependido de tê-lo procurado. Eu também não. E desconheço quem o tenha.

Manuel Bandeira (1886-1986) escreveu versos “como quem chora / De desalento… de desencanto…”. Na adolescência descobriu uma tuberculose e a possibilidade de que a morte cedo pudesse visitá-lo, por isso vivia amargurado. Perdeu o pai, a mãe, a irmã e quando percebeu que sua escrita tocava o outro, sentiu-se em paz quanto ao seu destino, mas antes de ele se concretizar publicou vinte obras: dez em poesia e dez em prosa.

Estreia na literatura, em 1917, com a obra A Cinza das Horas, de cunho simbolista, em uma edição de 200 exemplares custeado pelo próprio autor. Seu segundo livro, Carnaval (1919), possuía o soneto “Sapos”, uma sátira ao Parnasianismo. Lido na abertura da Semana de Arte Moderna (1922) por Ronald de Carvalho, foi vaiado pelo público. 

Adepto ao verso livre e da linguagem coloquial, seus temas mais comuns são o cotidiano, a melancolia, a infância, a morte e o amor à terra natal, motivo pelo qual fez uma “Evocação ao Recife”, mas não se trata do Recife comparado à “Veneza americana”, “Não o Recife dos Mascates”, mas o Recife da “minha [sua] infância”.

Em 1954, o poeta se volta ao passado parabuscar, tal como Marcel Proust, seu “tempo perdido” em Itinerário de Parságada, relato memorialístico dos bastidores de suas experiências literárias, cujo único defeito, segundo Murilo Mendes, era “ser muito curto” para nos apresentar “tão longa vida”.

Bandeira, para quem “a poesia é feita de pequeninos nadas”, muito ainda tem a nos sensibilizar com seu lirismo em versos fluídos e vívidos.

Sobre a autora:

Luciana Bessa Silva

Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler

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