Sônia Coutinho: uma baiana resistente!

Naira Leite
Luciana Bessa

Sônia Coutinho nasceu em Itabuna – Bahia, no ano de 1939 – e para além de ser nordestina, escritora, tradutora (traduziu mais de trinta livros) e jornalista, levou a mulher para ser protagonista de suas obras.

Filha do poeta simbolista e político Nathan Coutinho (1911-1991), Sônia desde cedo enveredou pelo mundo da leitura e com apenas doze anos lia os escritores franceses: Émile Zola e Guy de Maupassant. Como leitura pressupõe escrita, logo publicou seu primeiro texto (conto) em um suplemento literário dirigido pelo cineasta Glauber Rocha. Em seguida, integrou uma coletânea de autores/estudantes chamado Reunião, editado pela Universidade da Bahia.

Suas principais obras foram: “Uma certa felicidade” (1976), “O último verão de Copacabana” (1985), “O jogo de Ifá” (1980), “Atire em Sofia” (1990, 2010), “Os venenos de Lucrécia” (1978) e “Os seios da Pandora” (1998). Os dois últimos resultaram na conquista do Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Em 2006, pelo livro (contos) “Ovelha negra e amiga loura” foi agraciada com o Prêmio Clarice Lispector, dado pela Biblioteca Nacional.

Sônia era uma admiradora das artes: o cinema, a música, a literatura, a fotografia e a pintura eram alguns de seus interesses. Para ela, a lente dos artistas representava a realidade do que não se podia enxergar. Talvez por isso, algumas de suas narrativas são fragmentadas e repleta de indeterminações, precisando, assim, da contribuição do leitor.

Uma das características da obra dessa baiana é a memória. De modo geral, suas personagens saíram de sua cidade natal (Bahia) e foram morar no Rio de Janeiro. Há uma atmosfera de vazio, de solidão e de não pertencimento. Logo, tais personagens procuram ponderar perdas e ganhos com a mudança geográfica. Em muitas situações, restam-lhe tão somente lembranças.

Por que ler Sônia Coutinho? Porque sua obra traz o universo feminino, sob o ponto de vista da própria mulher. Não é à toa que já foi apontada como uma das vozes mais representativas da literatura de autoria feminina na contemporaneidade brasileira. Além disso, suas narrativas são fortes e suas personagens convincentes e perspicazes.

Luciana Bessa Silva

Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler

Naira Leite Almino


Técnica em Informática. Graduanda em Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Cariri. Bolsista do projeto Blog Literário: Nordestinados a Ler.

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