Uma professora chamada Literatura

Muitas são as profissões que podemos exercer. Desde pequena eu desejei ser professora (de Literatura). E, por mais que me dissessem que iria morrer de fome, e que não seria valorizada, nunca fui demovida desse propósito. 

Todo dia 15 de outubro aflora em mim um sentimento de gratidão por meus professores e professoras. Eles transformaram minha vida, não só quando comigo compartiram conhecimentos e experiências, mas acreditaram em mim enquanto alguém capaz de transformar realidades.

Nunca imaginei que um dia eu idealizaria um Blog Literário ( (Nordestinados a Ler), ou que escreveria semanalmente para um Jornal, nem que estaria em uma Rádio (Cafundó e Carrapato) falando sobre Literatura produzida na Região Nordeste, com foco na autoria feminina.   

Isso tudo é para dizer que a Literatura, para além de uma disciplina, foi para mim uma professora inquietante, potente, instigante, insubmissa, libertária e crítica. Dificilmente alguém termina de ler uma obra literária com as mesmas concepções e ideias do que quando começou. Nutrindo-se da tradição ou da inovação, a Literatura propõe novas concepções de mundo, de culturas, de estruturas sociais e políticas, questiona a condição humana. 

Infelizmente, a sala de aula, ao invés de atrair, sensibilizar e incentivar a leitura, transformou-se em um espaço de doutrinação da Literatura. Nesse sentido, desvalorizou-se a interpretação de texto, a reflexão em torno das ideias do autor e a capacidade de argumentação que o texto traz. Ou seja, ela se tornou uma fria lista de autores, obras e características das escolas literárias.  Não é à toa que seu espaço tem se tornado cada vez mais escasso e sua relação com os homens mais distante. 

É preciso compreender que a Literatura é um tipo de arte essencial a todo e qualquer país. Ela é um compromisso que um escritor assume consigo e com a sociedade da qual faz parte. Por meio da arte literária, autores e obras, ao longo dos séculos, têm realizado um registro da história, das mazelas, dos costumes, do cotidiano e da cultura de uma época, de um povo. 

A Literatura encanta, seduz, emociona, nos torna seres melhores, nos proporciona novos conhecimentos, nos introduz em novas culturas, nos faz repensar nossos valores e princípios, nos apresenta certos dilemas éticos, nos deleita e nos diverte. Contribui para o processo de desalienação humana e coloca o leitor diante das grandes tragédias humanas e o torna mais sensível às questões existenciais. A Literatura é um direito nosso. Lutemos por ela.

Sobre a autora:

Luciana Bessa Silva

Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *