O poeta Juvenal Galeno foi pioneiro em diversos âmbitos da literatura cearense, além de ter sido um dos principais nomes do Romantismo no Ceará. A sua obra, Prelúdios Poéticos (1856) é considerada o marco inaugural dessa escola literária na Terra da Luz. Galeno foi fundador do primeiro jornalzinho literário do estado – Sempreviva; e da primeira peça escrita e encenada em palcos cearenses – Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Ao seu pioneirismo no Ceará também são atribuídas a primeira obra infantojuvenil – Canções da escola (1871); a primeira obra literária impressa – A Machadada: poema fantástico (1861); e o primeiro livro de contos – Cenas populares (1871).
Juvenal Galeno foi um dos primeiros poetas abolicionistas do Brasil. Engajado contra o analfabetismo, dedicou maior parte de seu trabalho ao povo, trazendo nas suas obras costumes e paisagens regionalistas, características pouco retratadas nos romances da época.
Tanta importância e pioneirismo estariam fadados ao esquecimento, se dependesse da academia, que privilegia os autores “mais renomados” de outras partes do país, muitas vezes reduzindo a literatura produzida no Ceará apenas a José de Alencar (1829 – 1877) e Rachel de Queiroz (1910 – 2003), ambos de grande relevância para a produção literária do estado (e nacional), porém que não foram os únicos a escreverem literatura no Ceará, como se faz parecer pelas grades curriculares dos cursos de letras das universidades cearenses.
Sob essa perspectiva, para preservar e divulgar o legado e obras do escritor e poeta Juvenal Galeno, foi fundada, no dia 28 de setembro de 2013, Academia de Letras de Juvenal Galeno, uma entidade cultural sediada na Casa de Juvenal Galeno, que se converte em um “espaço de convivência, pesquisa e lazer, um foco de cultura para a comunidade cearense e um catalisador da revitalização do centro da cidade de Fortaleza”
A riqueza da cultura e produção literária do Ceará, segundo professor e crítico literário Sânzio de Azevedo (1976), aflorou por volta de 1813 ou 1814, com os Oiteiros, grupo de homens letrados que recitavam sonetos e outros gêneros poéticos, em tertúlias organizada pelo Governador Sampaio. De lá para cá, contam-se cerca de 37 agremiações literárias, como a Padaria Espiritual (1892); a Academia Cearense de Letras (1894); o Clube Literário (1886) e o Centro Literário (1894). Os dois últimos são atribuídos ao Juvenal Galeno o papel de fundador
Tamanha influência e importância a cultura e história do estado não devem ficar guardados apenas entre as páginas dos estudiosos que dedicam sua produção ao resgate da obra literária do poeta. Por isso, e para aproximar o público do legado do cearense, a Academia de Letras de Juvenal Galeno, localizada na Casa de Juvenal Galeno, na Rua general Sampaio. 1128, no centro de Fortaleza, organiza lançamentos de livros, palestras, trabalhos literários, dentre outras atividades com classificação etária livre.
Divulguemos o trabalho desenvolvido pela Academia de Letras de Juvenal Galeno como forma de validar não só o legado do poeta de Lira Cearense (1872), como também de fomentar as obras de seus quarenta integrantes, que enriquecem as letras cearenses.
FONTES:
CASA DE JUVENAL GALENO. Academia de Letras de Juvenal Galeno, Mapa Cultural 2016. Disponível em: <https://mapacultural.secult.ce.gov.br/evento/291/> Acesso em: 12 de Nov. 2021.
PINHEIRO, C. R. MARTINS, L. Literatura Cearense: Notas introdutórias – Fortaleza, CE: Fundação Demócrito Rocha, 2020.
Sobre a autora:
Shirley Pinheiro
Graduanda em Letras pela Universidade Regional do Cariri.