Nélida Piñon – “Eu me legítimo quando escrevo”

“Narro porque sou mulher, narro porque desde os meus primórdios cumpro uma crença proteica. sob o ardor da vida sob a epifania das palavras, cabe-me assumir todas as formas humanas. A nenhuma delas dou as costas, cancelo suas vozes narrativas. Declaro-me filha do Império Humano. ressoam em mim as derradeiras badaladas que o carrilhão humano faz no destemido descampado”. (Nélida Piñon)

Nélida Cuiñas Piñon é uma das mais conhecidas escritoras da atualidade, principalmente por ser convidada pela Academia Brasileira Letras (ABL) a presidir a academia, sendo ela a primeira mulher a compor a presidência da Casa de Machado de Assis. Ganhou vários prêmios literários nacionais e internacionais, abriu, com sua trajetória como presidenta da ABL, oportunidades para outras escritoras brasileiras. Sua estreia na literatura foi com o romance Guia-mapa de Gabriel Arcanjo, publicado em 1961, que traz em seu enredo temas envolventes sobre pecado, perdão, a relação entre mortais e anjos. Ela sempre procurando escrever o inesperado. 

Um de seus livros mais conhecidos é República dos sonhos, um romance publicado em 1984, Madeira feita Cruz (1963), Tebas de meu coração (1974), Vozes do deserto (2004) que foi premiado com o prêmio Jabuti no ano de 2005. Além desses romances, Nélida conta com uma vasta publicação em contos, que se desdobram entre a realidade e o fantástico. 

A criadora de A Camisa do Marido (2014) é considerada uma autora camaleônica por passear em vários assuntos. Ela escreve sobre mito, fantasia, utopia, a força da mulher diante do poder masculino, erotismo, romantismo, submissão, arte, velhice, idade média, língua portuguesa, escrita feminina, dentre outros intermináveis assuntos.

Nélida Piñon marca e é marcada pelas suas obras. Uma trajetória de definições que muitos pré-determinaram para mulheres na escrita, mas considerada uma autora muito a frente para sua época, ela esteve sempre rebatendo críticas sobre a literatura feminina, termo que ela faz questão de dizer “Eu detesto esse termo”. Nélida afirma que ao escolher a literatura como profissão para a vida teve que dar inúmeras provas de sua excelência como escritora. “Assim convivi com a desconfiança, com as definições imputadas às mulheres, com um conjunto de circunstâncias que me marginalizavam”. Porém, toda a crítica acerca de escrita feminina não a impediu de narrar suas histórias e experiências, de narrar um processo de resistência. Escrever está além de gênero e classe, escrever está na alma e na essência do próprio escritor.

REFERÊNCIAS:

Nélida Piñon e o feminismo. In: https://www.record.com.br/nelida-pinon-e-o-feminismo/. Acesso em: 02/05/2021

Sobre a autora:

Taynara Oliveira

Graduada em Letras pela Universidade Regional do Cariri (URCA).

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