Mário Quintana, o poeta das coisas simples

Todos esses que aí estão

Atravancando meu caminho,

Eles passarão…

Eu passarinho!”

(Poeminha do Contra — Mário Quintana)

Conhecido como o “poeta das coisas simples”, Mário Quintana nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 30 de julho de 1906. Poeta, tradutor e jornalista muito conceituado no cenário literário brasileiro, sua escrita é irônica, profunda e delicada, dividida em mais de vinte obras, dentre poesias e livros infantis.

Sua primeira publicação foi em 1940, quando veio à luz o livro A Rua dos Cataventos, que reunia os sonetos da fase em que Mário Quintana mais teve influência parnasiana, com poesias marcadas pela perfeição técnica, uma característica da escola que o inspirou. Nesta obra, Quintana abordou diversos temas, versando com melancolia e produzindo imagens que causavam estranhamento no leitor.

Mas a escola literária à qual Mário Quintana realmente foi atribuído foi ao Modernismo, especificamente à segunda fase, quando os escritores estavam voltados para o regionalismo, o nacionalismo e preocupados com a realidade social, cultural e econômica do país. A partir do seu segundo livro, Canções (1946), as obras do poeta gaúcho se valeram da liberdade de formas e versos.

“Triste, Poeta, triste a florzinha azul que sem querer pisaste no teu caminho…

Miosótis disseste, inclinado um instante sobre ela.

E ela acabou de morrer, aos poucos, dentre a relva úmida.

Sem nunca ter sabido que se chamava miosótis.

Nem quereria impregnar, com o seu triste encanto,

O teu poema daquele dia…’

(Coisas Declamadas, 1946)

Mário Quintana iniciou sua carreira jornalística antes mesmo da sua atuação poética, em 1929, quando passou a colaborar com o jornal Estado do Rio Grande. Em 1953, tornou- se colunista do Correio do Povo, onde escrevia para o caderno de cultura.  Outra área em que Quintana dedicou-se foi a tradução de obras estrangeiras. Dentre os títulos que traduziu, destacam-se Em busca do tempo perdido, do escritor francês Marcel Proust, e Mrs. Dalloway, da britânica Virginia Woolf.

Quintana nunca entrou para a Academia Brasileira de Letras, mas não foi por falta de tentativas. Se candidatou três vezes, no entanto, não conseguiu os votos necessários para ser eleito. Na quarta vez, mesmo com a promessa de uma vitória unânime, o poeta recusou. Mas essas não foram as únicas vezes que manteve contato com a ABL, em 1980, recebeu o prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.

Mário Quintana, para quem a poesia purificava a alma, escrevia com a simplicidade com a qual viveu. Mesmo vinte e oito anos após seu falecimento, suas poesias inspiram, encantam e fascinam seus leitores.

Sobre a autora:

Shirley Pinheiro

Graduanda em Letras pela Universidade Regional do Cariri.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *