Maria Bonita: a Rainha do Cangaço

Maria Bonita (1911-1938) a esposa de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o chefe do cangaço, herói e contraventor. Foi a primeira mulher a ingressar no principal bando de cangaceiros do Nordeste, no início dos anos de 1930.

Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita, nasceu numa pequena fazenda no povoado de Malhada da Caiçara, município da Gloria, atual cidade de Paulo Afonso, na Bahia, no dia 8 de março de 1911. Filha dos pequenos lavradores José Gomes de Oliveira e Maria Joaquina Conceição Oliveira.

Casou-se aos quinze anos, forçada pelos pais, com o sapateiro José Miguel da Silva. As brigas eram constantes e por isso o casamento não deu certo. Maria Bonita era dessas mulheres que após cada briga com o marido, buscava abrigo na casa dos pais. Em 1928 resolveu terminar seu casamento, contudo, nessa época se separar do marido era algo inaceitável. Mas Maria Bonita decidiu enfrentar o preconceito.

Em 1929, já morando na casa dos seus pais, conheceu Lampião, que em suas andanças passava com seu bando pelas fazendas da região. Foi amor à primeira vista, a atração foi recíproca. Baixinha, com olhos e cabelos castanhos, era uma mulher determinada, o que chamou a atenção do cangaceiro.

No início dos anos de 1930, Maria Bonita passou a fazer parte do bando de Lampião, sendo a primeira mulher a ingressar no cangaço. Sua atitude contribuiu para abrir portas para mais trinta mulheres participarem da vida do bando. A Bahia foi o Estado que forneceu o maior número de moças ao banditismo do Sertão nordestino, seguida por Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

Porém para aderir ao cangaço a mulher teria que ter certeza de que era isso que ela queria, pois depois que aderisse, tinha que se adaptar à nova vida, sem chance para arrependimento. A vida do cangaço era uma vida de nômade, de privações. Era necessário caminhar quilômetros sob sol e a chuva, além de enfrentar os combates violentos contra as forças policiais.

Nos jornais da época, as mulheres eram chamadas de bandoleiras, megeras e amantes. Muitas eram estereotipadas como masculinizadas, mas as fotos de Maria Bonita mostram seu cuidado com o traje, o cabelo e a postura. Os papéis sociais no cangaço eram bem definidos: ao homem cabia zelar pela segurança e sustento dos bandos. Á mulher, ser esposa e companheira. Durante a gestação elas ficavam escondidas. Depois do nascimento do bebê, eram obrigadas a entregar a criança a amigos e retornar ao cangaço. Maria Bonita teve três filhos durante esse período.

As ações de Maria Bonita, Lampião e seu bando duraram até 1938. Foram oito anos de convivência juntos praticando o banditismo social, até que o comerciante Pedro Cândido revelou à polícia, depois de ser torturado, o esconderijo de Lampião.

O bando foi encontrado numa Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. Lampião e Maria Bonita estavam entre os onze que não conseguiram escapar, foram mortos e decapitados. Tiveram suas cabeças mumificadas e ficaram expostas no Museu Nina Rodrigues, na Bahia, até serem enterradas em 1968.

Maria Bonita faleceu na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe, no dia 28 de julho de 1938. Em 1982 a TV Globo produziu a série “Lampião e Maria Bonita”, quando foram protagonizados por Nelson Xavier e Tânia Alves.

Sobre a autora:

Letícia Isabelle Alexandre Filgueira

Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Ceará/ Faculdade de Educação Ciências e Letras – UECE/ FECLI

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