Comi lentamente

Encontrei teus gemidos rindo nos meus pensamentos. Era sexta-feira, as roupas estavam descansando no chão. Esticava o corpo buscando me apegar a coragem. Os lençóis embrulhavam a minha preguiça e o dia estava apenas começando. O sol se apresentava alegre de quente. Neruda também descansava ao lado: os seus versos embebedaram a companhia da noite.

Estava difícil de se deslocar da cama, mas às vozes das ruas, anunciam a despedida. O café tinha cheiro de jardim, acho que devo ter colocado pétalas brotadas dos olhos. As ruas estavam cheias de vazios, aproveitei o caminho para fotografar as flores gestadas no gozo das calçadas.

A poesia estava excitada, sensível, molhada e coberta de lembranças despidas. O trabalho não conseguiu conter a incandescência do momento. O dia estava risonho.

Final de expediente. As coxas magras da noite acomodavam à sexta-feira, antes de dormir comi lentamente bolo de cenoura com chocolate para sentir o gosto por completo.

Sobre o autor:

Alexandre Lucas

Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho no Ceará, pedagogo, artista/educador, militante do Coletivo Camaradas e a integrante da Comissão Cearense do Cultura Viva.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *