São quatro rostos azuis, poderia ser qualquer outra cor, mas escolhi o azul. Rosto azul, acredito que só pintado mesmo. Ainda não estão prontos, são só esboços, são similares pelo formato. Tentei fazer parecido comigo, mas sei que sairão bem diferentes. Gosto de imagens deformadas, sem seguir padrões: olho maior que outro, a boca maior que a cabeça e por aí vai. Isso não significa que descarto a perfeição, mas é porque sou ruim mesmo em perfeição.
Fico pensando onde colocar quatro rostos, apesar de não estarem prontos, acredito que não serão alegres, no máximo sérios. O que já é um problema, as coisas sérias dão medo. O casamento ou ter uma filha, por exemplo, é algo muito sério, as pessoas morrem só de medo.
Acho que esses rostos não cabem na casa em que divido com alguns baús, livros e outros quadros, sem contar que ando esbarrando ultimamente em guerras mundiais que residem em mim, a guerra é minha, portanto, eu digo o tamanho dela e pronto.
O que fazer com esses quatros rostos? Sei que ninguém da família vai querer, não quiseram outros, porque iriam querer esses? A família gosta de quadros perfeitos, vendidos em larga escala. Tenho tempo para decidir o que fazer e deve ter alguém que queira um rostinho azul.
Fiquei pensando agora na cor. Minha amiga, que é poeta, diria que são rostos celestes, só porque o céu é azul e suas nuvens são deformadas. Eu aqui rindo, tentando explicar que só me restava tinta azul.
Sobre o autor:
Alexandre Lucas
Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho no Ceará, pedagogo, artista/educador, militante do Coletivo Camaradas e a integrante da Comissão Cearense do Cultura Viva.