Banana

Primeiro dia de carnaval. Resta-me uma dúzia de bananas, pego seis e coloco no liquidificador, junto com leite e açúcar. Liquidifico as bananas, tomo lentamente, olhando os gritos das crianças que não vejo. Sei que se melam, devem estar brancas, as crianças pretas; outras, sentem fome de amor e de comida.

Sobram-me, ainda, seis bananas, se passarem do tempo ficarão pretas, mas é carnaval e pouco importa as bananas que tenho.

Passarei o carnaval com minhas bananas, talvez coma todas, mas é provável que alguma possa apodrecer, já estão bem maduras: é o que atestam as suas cascas. Dizem que as pessoas ficam velhas quando começam aparecer os primeiros cabelos brancos, apesar de não ser uma regra geral. Nas bananas maduras começam aparecer pingos pretos em suas cascas.

As cascas sempre as corto em pequenos pedaços para alimentar as plantas. Por aqui não ando desperdiçando bananas.

Dizem que banana é algo fálico, nunca vi um falo com cara de banana. Os carnavais passam, as bananas também. Enquanto isso fico aqui descascando ideias sem ver a folia passar.

Sobre o autor:

Alexandre Lucas

Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho no Ceará, pedagogo, artista/educador, militante do Coletivo Camaradas e a integrante da Comissão Cearense do Cultura Viva.

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