Devaneios Literários

Luciana Bessa

Sempre gostei de ler, porque a leitura me fazia esquecer, ao menos por instantes, das confusões familiares que permearam minha infância e minha adolescência. E como leitura instiga a imaginação, a minha voou longe.

Quando me dei conta, sentia uma vontade imensa de conhecer as personagens das obras literárias lidas, passear pelos mesmos espaços, ouvir e falar suas frases, especialmente as românticas, e passar pelas mesmas situações que elas viveram.

E no momento em que descobri a poesia? Desejei conhecer todos os poetas. Queria saber onde tinham nascido, quem foram seus pais, como havia sido sua infância, quais suas leituras, quem eram os seus amigos, como conseguiam escrever textos que me faziam sorrir, chorar, me inquietar e me fazer pensar em assuntos que eu nem sequer pensava em existir.

Atravessada por tantos sentimentos, eu me questionava: Como se faz para ser escritor? Existem cursos para escritores? Eu poderia ser escritora? Quem iria me ler? Por que se escolhe ser escritor?

A princípio acreditei que ser escritor era apenas colocar em uma olha em branco seus medos, seus anseios, seus desejos, seus sonhos e sua dor de existir, porque para ser escritor tinha que ser, antes de tudo, um indivíduo dotado de sensibilidade, que o simples fato de viver era sinônimo para sofrer.

Com o tempo descobri que ser escritor está para além de derramar suas dores em folhas de papel. Ser escritor é assumir um “compromisso” com seu tempo, com a sociedade na qual está inserido. Para além da individualidade de quem escreve, há uma coletividade precisando que sua voz seja escutada. O escritor pode ser o porta-voz daqueles que foram silenciados ao longo da História.

Na tentativa de saber mais sobre o assunto, fui ler a obra Que é a literatura? (1999), o filósofo Jean-Paul Sartre. Ele afirma que a função e a natureza da Literatura encontram-se organizadas a partir de três questionamentos:

Primeiro, “o que é escrever?” Sartre afirma que escrever é uma maneira de o homem se desnudar, se revelar para si e para o mundo. Ao escrever, o escritor expõe seus pensamentos, suas ideias, seus conceitos sobre si e sobre o universo.“

Por que escrever?” Segundo o autor, cada um tem suas razões, embora ele acredite que um escritor não escreve para si mesmo, pois seria um fracasso. O escritor não existe sozinho. Apesar dos motivos de cada um, a criação artística se dá certamente pela necessidade de falar e ser ouvido pelo outro. O escritor escreve para revelar e desvendar acontecimentos.

Por último, “Para quem escrever?” Para Sartre, o escritor faz um pacto com o leitor, para que ele colabore para repensar o mundo e a realidade na qual está inserido. Além disso, a criação só encontra sua realização no momento que é lida pelo leitor.

Neste dia 25 de julho, quero parabenizar a todos os escritores e escritoras que têm a importante missão de fazer com que nós, leitores, não ignoremos o mundo no qual vivemos.

Sobre a Autora:

Luciana Bessa Silva

Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler

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