Outubro, um mês com muitas celebrações

Décimo mês do ano no calendário gregoriano: outubro é um mês de trinta e um dias e com muitas datas a serem comemoradas. Particularmente gosto de outubro: nele conheci a poesia em forma humana.

Esse mês começa e termina com celebração à vida. Dia primeiro, é o Dia Internacional das Pessoas Idosas e Dia Nacional do Idoso, data instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas, desde o ano de 1990.

É sabido que a expectativa de vida subiu no mundo todo. Na época dos meus pais, morria-se aos sessenta anos. Na minha geração, nossos avôs permanecem conosco até os cem anos em alguns casos.

E as previsões só melhoram: até 2050, a população idosa deve atingir mais de 1,5 bilhão de pessoas. É preciso que o mundo esteja mais bem preparado para responder às necessidades dessas pessoas, cobertas de conhecimento e vivências.

E o que falar do dia oito? Dia de comemorar o Dia dos Nordestinos, esse povo que tem o riso como forma de resistência.

Quem é idoso já foi criança um dia. Dia doze é o Dia das Crianças, data instituída ainda no governo de Arthur Bernardes, desde o ano de 1924. Dizem as boas línguas que, quando você chama a criança que existe em você, para brincar com as crianças que existem ao seu redor, o mundo fica bem melhor. Deve ser por isso que Gonzaguinha fica “com a pureza das respostas das crianças: É a vida! É bonita e é bonita…”.

Isso é tão verdade, ao menos para mim, porque além de ser Dia das Crianças, doze é o Dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil – decreto assinado pelo Papa Pio XI, em 16 de julho de 1930. No ano seguinte, 1931, aconteceu no Rio de Janeiro, então Capital Federal, no governo de Getúlio Vargas, a proclamação oficial perante uma multidão de fiéis, que ao longo dos anos, têm fortalecido sua fé e depositado suas esperanças em Nossa Senhora, que apareceu, ainda no ano de 1717, para três pescadores no Rio Paraíba do Sul, São Paulo.

Quinze foi Dia do Professor, esse profissional poetizado por Bráulio Bessa como “Um guerreiro sem espada / sem faca, foice ou facão / armado só de amor / segurando um giz na mão/ o livro é seu escudo / que lhe protege de tudo…”. O poema é lindo, mas o desenho do professor, convenhamos, está ultrapassado. Mas preciso concordar com o poeta: “o livro é seu escudo”, embora não lhe proteja dos baixos salários, das péssimas condições de trabalho, da ausência da família no processo ensino-aprendizagem. Não é à toa que o Instituto Semesp divulgou uma pesquisa alegando que poderá haver um “risco de o Brasil enfrentar um “apagão” de professores na educação básica até 2040”. Sinceramente desejo que seja uma previsão errada. Amo ser professora. Mas como eu, outros milhares de profissionais, precisam mais do que um escudo para permanecer nessa profissão.

Dia dezenove foi o aniversário do “Poetinha”, Vinícius de Moraes, o homem que cantou poesia e revolucionou o serviço público. Poucos sabem que o letrista de “Garota de Ipanema” foi diplomata. Como Vinícius, muitos outros escritores da nossa Literatura foram servidores públicos, data comemorada no dia vinte e oito, desde o ano de 1937:

Vocês lembram do autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Machado de Assis? Foi servidor público.

Vocês lembram da autora do Romanceiro da Inconfidência, recentemente indicado para o vestibular da Fuvest,(1953), Cecília Meireles? Foi servidora pública.

Vocês lembram do autor de Morte e Vida Severina (1955), João Cabral de Melo Neto? Foi servidor público.

Vocês lembram do autor de Vidas Secas (1938), Graciliano Ramos? Foi servidor público.

A lista é grande! Para terminar o mês, dia trinta e um, o escritor gauche da Literatura Brasileira, o meu poeta favorito, a quem dediquei sete anos, como sete são as faces do poeta, Carlos Drummond de Andrade, autor de A Rosa do Povo (1945), um dos livros mais políticos escrito em versos da modernidade, foi servidor público.

Com tanto poeta-escritor-servidor contribuindo para construção de uma sociedade equitativa, seja nos hospitais, nas escolas, nas universidades, eu penso na força e na importância de ser servidor.

Que mês! Novembro se aproxima. Que seja tão promissor como você, meu querido outubro!

Sobre a autora:

Luciana Bessa Silva

Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler

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