Entrevista com Sérgio Murilo

01. Para além de ser Mestre em Estudos Literários e escritor, quem é Sérgio Murilo Fontes?

Não sei bem. A publicação do COR DE RISCO me abriu uma nova identidade, ou uma nova faceta, a de escritor. Antes disso, eu era um professor aracajuano de língua portuguesa e inglesa (e suas literaturas, claro) que havia largado quatro anos de engenharia por ter se apaixonado pela leitura – o que nos leva a outra faceta: a de leitor ávido, fascinado por aprender. Sou também um acadêmico, gosto de pesquisar a literatura e pretendo fazer meu doutorado em breve.

02. Nós sabemos que antes de qualquer coisa, todo escritor é um leitor. Quais foram as leituras que influenciaram na sua escrita, os autores e autoras que permeiam seu arcabouço literário?

Como fiz questão de apontar na orelha do COR DE RISCO, se eu escrevo hoje, é por ter conhecido a obra dos sergipanos Antônio Carlos Viana e Francisco J.C. Dantas. Dantas foi meu objeto de estudo no mestrado, e com Viana aprendi as possibilidades do gênero conto. Eu poderia elencar mais dez ou vinte livros que literalmente aparecem no COR DE RISCO, mas prefiro ficar apenas nos nomes desses dois autores dos quais sou e sempre serei fã.

03. COR DE RISCO é sua primeira obra a ser publicada e é um livro que não tem definição certa de gênero, pode ser lido tanto como romance, quanto como contos conectados, pois no próprio título tem a interrogativa: “contos?”.  Conte-nos a história dessa obra. 

COR DE RISCO é um projeto antigo, que eu vinha ensaiando há anos. A ideia era, por meio de uma pouco de metaliteratura, ressaltar a importância do papel do leitor e as dificuldades do fazer literário. O edital da lei Aldir Blanc e o apoio das edições blague me possibilitou concretizar e publicar este trabalho. O livro tem contos com diferentes temas, gêneros e tamanhos, e algumas discussões de um autor com uma editora, que mais levantam perguntas do que apresentam respostas. A interrogação do “contos?” resume bem isso. No fim, cabe ao leitor decidir se quer responder ou decidir qualquer coisa.

04. COR DE RISCO combina os artifícios da autoficção e metaliteratura. Como foi o seu processo de escrita? Como tem sido a recepção por parte dos leitores?  

Até aqui, a recepção do livro tem sido muito boa. Diferentes leitores entenderam e vieram discutir comigo vários dos recursos e referências que eu utilizei, e uns até viram coisas que eu nem via no COR DE RISCO: bom sinal, sinal de que o livro já não é meu (se é que já foi), e sim dos leitores. Quanto ao processo, admito que foi doloroso. Escrever é uma coisa, finalizar um livro, com todo o processo de releitura, revisão e reescrita é outra completamente diferente. Mas aqui, novamente, o apoio da editora blague foi essencial.

05. Como e onde os nossos leitores podem encontrar e encomendar COR DE RISCO?  Depois dessa obra, já está pensando em uma segunda publicação?

Por ser uma editora pequena e independente, a aposta nas redes sociais é fundamental para a blague. Por isso, a página da blague no Facebook (Edições Blague – <https://www.facebook.com/edicoesblague>) e no Instagram (@edicoesblague – <https://www.instagram.com/edicoesblague/>) são seus principais meios de comunicação com os leitores, bem como seus principais canais de venda. Basta entrar em contato por mensagem, direct ou e-mail (edicoesblague@gmail.com) para comprar o COR DE RISCO e as outras obras da editora.

Quanto a uma segunda publicação, admito que escrevi muito pouco desde o lançamento de COR DE RISCO. Talvez eu não tenha me curado totalmente do processo de finalizar um livro ainda. De qualquer forma, pretendo continuar escrevendo, tanto contos quanto, em um futuro não tão distante, um romance, quem sabe.

06. O Nordestinados a Ler prioriza a produção de autoria feminina. Como você vê isso? Em Sergipe, as mulheres têm alcançado destaque no cenário literário? 

Primeiro, eu gostaria de parabenizar este projeto. Conheci o Nordestinados a Ler em um evento acadêmico, e já de cara o nome me atraiu. Gosto de bons títulos. Quando acessei o site, me apaixonei. É uma belíssima iniciativa. Nós, do Nordeste, precisamos de mais espaços de divulgação e discussão da literatura que produzimos.

Em Sergipe, a autoria feminina vem brilhando já há algum tempo, com nomes como Maria Lúcia Dal Farra, Taylane Cruz, Renata de Castro e Débora Arruda (algumas dessas autoras não nasceram aqui, em Sergipe, mas as cito mesmo assim pois não deixam de ser literatura sergipana, claro). Mais recentemente, conheci e fiquei encantando pela literatura de Stella Carvalho com seu A MANTENEDORA DO RITUAL e de Camilla Canuto com o HÁ UMA LÁPIDE COM O SEU NOME.

Sobre o autor:

Sérgio Murilo Fontes

Sérgio Murilo Fontes e Oliveira Filho nasceu em março de 1992, em Aracaju, Sergipe. Largou o curso de engenharia depois de ler Dostoiévski e descobrir que gostaria de trabalhar com as letras pro resto da vida. É mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Sergipe.

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